sábado, 30 de dezembro de 2006

ADEUS, ANO VELHO!!

Adeus, velho Ano Velho...!
Leva contigo tuas mazelas,
desencontros, tuas dores, teus temores...
Deixa pro novo Ano Novo,
as alegrias, os folguedos, mil amores!
Adeus!!...
Fecha tuas portas de mansinho,
não assustes a quem dorme...
Vai, apaga as luzes... tuas cores...
Deixa que Abro a Porta, par em par,
e convido o Tempo Novo a começar!

CHAVEdaPOESIA
2006-2007

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

« EXAME DE CONSCIÊNCIA »

Albino Santos

Senhor!
Se o meu tempo é de ingratidão
De bombas nucleares e de maldição
E de democratas tiranos
Com mentiras na boca e no coração,
Que fazemos nós humanos,
Nesta pobre humanidade
Que nos diz que há liberdade
Quando a tantos falta o pão?

Senhor!
Por que há neste universo
Quem do modo mais perverso
Olhe na rua a pobreza
Ao lado da ostentação
Sem que se veja tristeza
Por tanta contradição?
E porque deixas que a sorte
Procure sempre o mais forte
E te tornas conivente,
Nesta farsa omnipotente,
Sem que o mais fraco te importe?

Senhor!
Que tens o sagrado condão
De transformar pedras em pão
E feitos ainda mais descomunais,
Por que não ergues a mão
Em nome de todos os mortais
E acabas com esta comédia desumana?...
Se criar o mundo demorou uma semana
Tens ainda tempo de sobra
Para dar outro sentido á tua obra!...

ALBINO SANTOS
Porto - Pt

sábado, 23 de dezembro de 2006

« A REVOLTA DO PAPEL »

Sylvia Cohin

Peço licença ao papel
e rabisco algumas linhas,
(uma daquelas cartinhas)
para o meu Papai Noel...
Há que pedir licença,
(que seja dita a verdade)
que o papel é só descrença
e lhe dói a nulidade...

Constrangida e cautelosa
vou escrevendo e riscando
toda verve caudalosa
que o papel vai rejeitando...

“Feliz Natal e Ano Novo",
"Dinheiro, Paz e Saúde",
"Feliz enfim o meu povo
livre de toda inquietude...”
“Reina Amor na humanidade",
"Acaba a Pobreza no Mundo",
"O que se fala é verdade..."
O Bem anda mais Fecundo...”

Vejo o papel amarelo
a fitar-me com descrença...
como quem ri do anelo
querendo que o convença...

“Todo Homem é Irmão
e Reina a Paz sobre a Terra",
Já não se fala de Guerra
A Justiça ergueu a mão!”

Nas linhas da minha carta
noto um movimento brando
cada palavra se aparta,
outra palavra buscando...
E olhando estarrecida
a revolta do papel,
leio a carta assim nascida
para o meu Papai Noel:


“Pra poupar-te de cansaço
E não te causar estorvo,
Um só pedido eu te faço:
Traz pra mim um Mundo Novo?”

Sylvia Cohin

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

« TANTA TERNURA ! »

(sylvia cohin)

Nunca me canso de olhar
a Beleza, porque é pura
e se espraia pelo ar
num retrato de ternura...!

bendito quem foi nascido
do ventre de tanto Amor...
sorriso aberto, incontido,
enchendo a Vida de cor.

terno amor abençoado
que o espaço enfeita e vibra
num sorriso desenhado
e vincado em cada fibra...!

doce traço de um sorriso
que germina de emoção
e fecunda um Paraíso
na mátria do coração.

segredos do verbo Amar,
do Sentir e do Sofrer
que aprendi a conjugar
com outro verbo: VIVER!

Pro meu Nando e minha Stelita
em 13 de Dezembro de 2006

MÃE SYLVIA

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

« PARA SYLVIA »

Roberto Merino

Vamos assinalar esta noite
apenas com palavras...
não com poema, nem
anti-poema
apenas letras soltas
ou um verso louco
alexandrino desfeito,
espectro de rimas...
a luz gira à nossa volta
e uma estrela de Páscoa
vermelha ou púrpura
áurea sobre tua cabeça

****************

Vamos señalar esta noche
apenas con palabras...
no con poema, ni
anti-poema,
apenas letras sueltas
o un verso loco
alejandrino deshecho
espectro de rimas...
la luz gira en redor
y una estrella de pascua
roja o púrpura
aureola tu cabeza!

ROBERTO MERINO
22.11.2006

UM DIA NA CIDADE

Maria Jerónima

Na manhã nova, a luz chega de seda
E envolve devagar o Porto Antigo
Como pedindo à noite, ávara e negra
Que troque agora de lugar consigo

Passaram horas; soa o meio dia
Nas torres de granito iluminado;
No apogeu da luz; o céu é sinfonia
E o Douro, imenso diamante lapidado

A tarde cai! É dos Pintores a hora
A cidade é tela, inacabada e pura
Com pinceladas rubras onde se demora
Toda a cor que alastra pela lonjura.

E a noite escura sucedeu ao dia;
As vielas são estreitas manchas pretas
Já ninguém lembra quem é que dizia
Que a esta hora o Porto é dos Poetas!...

Maria Jerónima
(in Porto em Poesia, 2004 - p.149)