quarta-feira, 14 de outubro de 2009

« Trabalho Infantil »

Fernando Peixoto

Tem apenas doze anos o miúdo!
Doze séculos, já, de frustração,
Doze séculos inteiros de absurdo
E poucos, muito poucos de ilusão.

Doze anos num rosto de graúdo
E tantos, já, na luta pelo pão!
Meu menino lindo a quem falta tudo!
Meu menino, meu filho, meu irmão!

Teu corpo frágil move-se na dança
Horripilante dum trabalho duro
C'o a música das máquinas por fundo.

As tuas mãos, pequenas, de criança,
Ganham calos brincando c'o Futuro
Enquanto esperas que melhore o mundo.

FERNANDO PEIXOTO

Marcadores: , ,

« SILÊNCIO »
às nossas crianças...
Sylvia Cohin

Faz de conta que o tempo parou
Em sua tela há tantas crianças
São embrião das aventuranças
Soltas ao léu, são tempo que passou
Quimeras que a brisa esfuma
Fragmentos, alegres e tristonhos
Dessa vida gestante de sonhos
De devaneios perdidos na bruma...

Silêncio...
É hora de ajuntar pedaços,
Trazer de novo ao coração vazio
A criancinha que a estender os braços
Espera um colo por anos a fio

Silêncio!
Ouça-se o grito dessas crianças
Deixem-nas VIR A SER
Sob o olhar de tênues Esperanças
Nossas crianças pedem pra Viver!

SYLVIA COHIN



Marcadores: , ,

sábado, 3 de outubro de 2009

« Neste Céu Onde me Embalo »
Sylvia Cohin & Fernando Peixoto

Não imaginas ainda que te conte
o peso da saudade atormentando,
a falta que me faz um horizonte
sorrindo, braços abertos, chamando...

Mas sei que mesmo assim tu me adivinhas
pois és esse horizonte de que falo
que tento inutilmente ver em linhas...
que eu risco neste céu onde me embalo...


Eu sou um horizonte? Sou, talvez...
uma linha que se perde no espaço...
a linha que procuras e só vês
quando ela se esconde em teu regaço.

Eu sou aquela linha indefinida,
tímida, indecisa e recortada
por névoas constantes escondida
e apenas nos teus olhos revelada.

Mas eu quero ser mais que um horizonte:
eu quero ser o ponto de chegada
para tu beberes na minha fonte
a água do amor purificada.


SYLVIA COHIN & FERNANDO PEIXOTO
Portugal



Marcadores: , ,

« O Passar do Tempo »

Fernando Peixoto & Sylvia Cohin


Passa o tempo por nós e nem pensamos
que viramos a folha ao calendário,
nem mesmo nesse tempo que gastámos
correndo contra o tempo e sem horário.
Passa a vida correndo bem depressa,
tão ligeira que até nem percebemos,
quanta vida se queda na promessa!
Que valioso o tempo que perdemos!
Passa tudo tão depressa, voando...
Nem lembramos, sequer, que está passando!
Vendo o fio do tempo que se esvai,
erguemos no Passado a nossa História
retomando um caminho, que se vai
aliar no Futuro, c'o a Memória.

Fernando Peixoto & Sylvia Cohin


Marcadores: , , , ,