segunda-feira, 9 de novembro de 2009


« Homenagem a Fernando Peixoto »

Fernando, julgo que foi contigo e com o Zé Manel, que uma tarde lemos um texto de Victor Hugo, o Zé Manel havia desenhado uma bela capa para um livro que reunia textos do dramaturgo e pensador francês. Encontrei um apontamento de um texto de Hugo, o que se segue é uma paráfrase roubada nocturnamente ao poeta.

“¿A qué misteriosa llamada no ha podido resistir tu aun joven destino?

La noche no dejó que el alba diera a luz el día. El tiempo es corto entre la sonrisa de ayer, y tu mirada ausente.

Tu río, el que sigue cruzando tu calle día a día, no hallará nada de aquello que le prometían tus sueños: la caricia ruda de las rocas, los gestos suaves de las hierbas y las hojas, el galopar por la cumbre descendiendo la montaña, el paso rudo sobre los prados.
-Apenas nacido, el océano ya lo ha tragado.

Los que parten con la aurora nos dejan perdidos con el peso de nuestro cariño inútil. Nos dejan con esa ausencia de amor que nos tritura arrastrando sus cruces y pesares.

Y se nos dice:
«La vida sigue y sigue. Tenemos que seguir también con ella».
Pero sabemos, con la obstinación del que nada entiende al medio del fragor de un futuro aniquilado; ¡ Qué importa el camino que lleva hasta la tarde si hemos de marchar ahora solitarios!”

Roberto Merino M/Setembro de 2009

(tradução)

“A que misteriosa chamada não pôde resistir teu ainda jovem destino?

A noite não deixou que a alvorada desse à luz o dia. O tempo é curto entre o sorriso de ontem, e teu olhar ausente.

Teu rio, o que segue cruzando tua rua dia a dia, não encontrará nada daquilo que lhe prometiam teus sonhos: a carícia rude das rochas, os gestos suaves das ervas e as folhas, o galopar pelo cume descendo a montanha, o passo rude sobre os prados.
Apenas nascido, o oceano já o engoliu.

Os que partem com a aurora, nos deixam perdidos com o peso de nosso carinho inútil. Nos deixam com essa ausência de amor que nos tritura arrastando suas cruzes e pesares.

E nos diz:
«A vida segue e segue. Temos que seguir também com ela».
Mas sabemos, com a obstinação do que nada entende ao meio do fragor dum futuro aniquilado; Que importa o caminho que leva até a tarde se temos que marchar agora solitários!”

Roberto Merino M/Setembro de 2009

ROBERTO MERINO MERCADO (chileno - 1952, naturalizado português em 2000, está em Portugal desde Janeiro de 1975, tendo acompanhado a Revolução de Abril quase toda).
Na ESAP (Escola Superior Artística do Porto),
ocupa o cargo de Director do Curso Superior de Teatro desde 1982.
É professor de Interpretação, Direcção Teatral, encenação, teatro e Educação, e também Dramaturgo, quando lhe permitem as múltiplas atividades.



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