domingo, 19 de setembro de 2010


« Cativa-me »

Sylvia Cohin


Invade meu coração,
derruba essas bastilhas,
deixa-me exposta, assim, nua
e indefesa,
entregue à tua sedução...
Desfaz com o toque mais suave
a resistência de meus músculos
e cobre com teu beijo, na surdina,
a lassidão que aos poucos me domina...

Cativa-me...
Aquieta essa agonia, essa premência,
essa dúvida constante
e segreda ao meu ouvido a essência
de um amor quase divino,
as confissões do menino,
os desejos do amante...

Cativa
meus sentimentos e mansamente,
sob o manto dessa intimidade,
prende-me em teu laço...
Dá-me o calor de um abraço
onde repouse toda minha ansiedade...

Cativa-me...
Afugenta meus temores, dores,
arrebata-me!
Liberta-me de mim, acorda-me!
Quero a embriaguez dos insensatos,
a alforria dos pudores, a ruptura dos liames...

Cativa-me!
E no calor que nos invade, lúbrico,
amemos, sem limite, a consagrar num rito,
cada momento como se fosse único.

SYLVIA COHIN