terça-feira, 16 de novembro de 2010


« Meu Mistério »


Sylvia Cohin


Eu sou Centelha fugaz
O Fruto de uma alquimia
Capricho de leva-e-traz
Do Tempo, dia após dia...
Sou Força que me conduz
E desconheço a medida
De toda Treva e da Luz
Que me acompanham na vida...

Não tenho eira nem beira
Eu sou Pó que meus pés pisam
Do Cosmos sou a poeira
E Adubo pros que precisam...

Sou Visão antecipada
Do olho cego do Homem
A cada curva da Estrada,
Repasto que os chacais comem...
Eu sou Símbolo conciso
Do Concreto e do Abstrato
Sou Tormento e Paraíso,
Tudo e Nada, um entreato.

Sou Elo dessa corrente
Que começa e não tem Fim,
Sou Embrião e Semente,
Nasço, morro e vivo em mim.

Eu não sou dona de nada,
Também ninguém me possui
Se de mim sou a morada,
De alguém, serei ou já fui...

Trago o Bem e o Mal comigo
Cavalgo as Dores da Cruz
Se às vezes sou um castigo,
Noutro momento eu sou Luz...

Sou daqui, mas Longe fica
O Segredo que me explica.

Eu vim do Ventre que orbita
Nas entranhas do Lugar
De uma Harmonia infinita
Que nem tem Rei pra reinar...
Eu sou apenas um Ponto
Na vastidão desse Império
E a Grandeza que me aponto,
Não existe, é um Mistério.

SYLVIA COHIN

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3 Comments:

Anonymous Michèle said...

A tua alma, poeta, é um sopro de amor. Admiração sempre. Michèle

18 de nov. de 2010, 09:10:00  
Anonymous Walter said...

Você é um dos mistérios mais belos que eu conheço.
Sou seu fã de carteirinha!;)
Walter

18 de nov. de 2010, 12:19:00  
Blogger Unknown said...

Maravilha de poesia. Verdadeiro jogo alquímico de palavras entrelaçadas que dão à luz o nosso sentir.
Parabéns!

16 de mar. de 2011, 08:42:00  

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