terça-feira, 21 de fevereiro de 2012


« Desconfianças »

(Para Vera Mussi)


Desconfio
Que vivemos fases semelhantes por vertentes distintas, mas não ousamos confessar porque admitir machuca.

Desconfio
Que poucos, muito poucos, entenderiam o contorcer de um coração a gritar, no âmago, sem, contudo, conseguir extravasar.

Desconfio
Que ficamos paralisados, enquanto os pés querem fugir. Que ficamos mudos, porque não sabemos dizer, e, ainda que conseguíssemos, de nada valeria porque seria NADA para o mundo, e guardado no peito, é TUDO.

Desconfio
Que estamos em xeque-mate, sem tabuleiro. Em confronto, sem guerra. Entre o silêncio das certezas e o alarido das dúvidas.

Campeando raios de Lucidez, deixamo-nos levar sem emoção, sem apegos, rumo a outra dimensão, bravamente serenos, singrando o horizonte das Revelações.

Desconfio
Que já não há poesias porque somos a Poesia feita história, rastro de trajetória, e com a coerência de quem não sabe, mas pressente, desconfio que paramos numa encruzilhada, a escolher um rumo:
Passado? Futuro? Presente?

Desconfio
Apenas desconfio dessa vida, sempre um desafio, desse cansaço estéril, e ainda que essa longa estrada acene Auroras que não se cansam de apagar as noites, cumprimos mansamente cada etapa da viagem que nos cabe...

Em 12 de fevereiro de 2012.
SYLVIA COHIN



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10 Comments:

Anonymous VERA MUSSI said...

Costumo dizer que a Sylvia possui o dom de expressar o que sente, e ao mesmo tempo consegue escrever o que sentimos. É difícil! Mas ela dá conta do recado! É sucesso absoluto! Este foi o meu maior presente!

Nesse texto ela foi traçando paralelas, mas conseguiu apresentar as vertentes distintas. Porque cada qual tem a sua personalidade. Somos amigas irmãs, eu complacente, e ela competente! Só isso! Imaginem só onde ela chegou?
Foi um encontro de almas, nunca visto, repleto de "desconfianças" adoráveis!
O TUDO E O NADA etc... Certezas, dúvidas...
Considero esta prosa poética, mais que perfeita!
Um mimo para escolher um "rumo": Presente? Passado? Futuro?"
Se eu quiser, terei uma vida inteira para ler e reler essas "desconfianças", nas quais encontrarei algo mais a ser descoberto nas entrelinhas! Fantástica!

Aplausos a SYLVIA!

Vera Mussi

4 de mar. de 2012, 14:57:00  
Anonymous Sylvia Cohin said...

Vera querida, é fácil escrever para alguém que possua essa riqueza interior que você tem! De tanta, fui eu a privilegiada só por escrever!
Meu abraço de afeto!
Syl

4 de mar. de 2012, 15:10:00  
Anonymous Lobo Azul said...

...Você merece todo o reconhecimento do mundo minha querida, como poetisa, escritora e o ser humano tão especial que vc é...
besos del Lobo.

4 de mar. de 2012, 15:14:00  
Anonymous Gilia Gerling said...

“DESCONFIO...”que acabo de ler um tesouro poético!

“DESCONFIO...”que fiquei extremamente emocionada com seu “Desconfianças”

“DESCONFIO...”que é urgente repassar ao amigos que apreciam a boa arte.

“DESCONFIO...”que você e suas desconfianças são essenciais!

Gilia Gerling

4 de mar. de 2012, 15:19:00  
Anonymous Sua Mana said...

Oi ManaMinha, que saudade!!! Você está bem??? Mana, "desconfio" que a luta está sendo muito árdua, que os dias não passam. Desconfio, que se eu não tiver respostas positivas, minhas energias vão acabar!!! Estou por um "fio", não é fácil admitir, mas, não aguento mais!!! Syl, cansei de "olhar prá trás", isso não me dá mais consolo.
Desabafei.............. querida esse seu email chegou num bom momento, obrigada!! Desculpe o desabafo, fico sumida, de repente te deixo atordoada...
Beijão........... saúde e Paz ManaEu

4 de mar. de 2012, 15:24:00  
Anonymous Sylvia Cohin said...

Manaminha, você aguenta sim porque é equilibrada e sábia!
Se eu estivesse em seu lugar, não sei se aguentaria tudo o que está passando.
"Desconfio" que as desconfianças trouxeram à tona sentimentos pouco expostos... Isso é bom, sou grata pela partilha permitida. Bjos,
Sylvia

4 de mar. de 2012, 15:31:00  
Anonymous Eliane Triska said...

Teu poema mexeu comigo...
Diz coisas que também são minhas...
Gigante!!!!!!!! Gigante! Gigante!
É para ser lido e relido nesta tela magnífica.
Parabéns querida Syl!
Beijos
Eliane
Vou levá-lo para passear comigo.

4 de mar. de 2012, 15:35:00  
Anonymous Ana Suzuki said...

Só abri o computador agora, e dei de cara com seu poema, que desvendou tudo o que passei o dia a pensar. Apática, cansada, só observei os paradoxos desta vida e assim se foi este dia que a noite mastiga e aos poucos vai engolir. Valeu! Desconfio que sua
desconfiança, com aquela formatação impressionante, foi a única sincronia, a única coisa viva que, embora sem a beleza de suas palavras, pensei nas horas mortas de hoje.
Ana Suzuki

4 de mar. de 2012, 15:41:00  
Anonymous Sylvia Cohin said...

Eliane Triska e Ana Suzuki, amigas tão especiais, esse encontro de almas é a foz que todos buscamos ao escrever. Obrigada! Bem hajam!

Sylvia Cohin

4 de mar. de 2012, 15:44:00  
Blogger Pedro Faria said...

Bom dia,
Muito bom este poema.
Como o natal é uma quadra festiva em que estamos mais abertos a poesia que nos comova visitem o meu blog e deixem o vosso comentário.

http://oquequeriaquesoubesses.blogspot.pt/

Obrigado e Bom Natal

26 de dez. de 2012, 07:44:00  

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